terça-feira, 6 de maio de 2008

Quando o tamanho não é documento

Para aqueles que acham que a indústria de quadrinhos se resume às paginas da Marvel e da DC Comics, a Conrad disponibilizou neste mês duas novas edições da minissérie Os Pequenos Guardiões, criada pelo norte americano David Petersen.
A HQ teve sua primeira edição publicada no ano de 2006 pela Archaia Studio Press, com o nome Mouse Guard, e, mesmo não fazendo um grande alarde na divulgação, caiu nas graças do público americano, ganhando vários prêmios e alcançando a incrível marca de três reedições do primeiro número em um único ano.
A história da HQ se passa no período medieval onde ratos (isso mesmo, ratos!) estão organizados em uma sociedade onde desenvolvem atividades como o cultivo de plantações, comércio e indescritíveis aventuras em um mundo que se revela muito maior do que na verdade é.
Apesar de ratos ocuparem o papel principal da história, Os Pequenos Guardiões não lembram em nada as peripécias de animações como Jerry, Mickey, Fievel ou Supermouse. Primeiramente os ratos não são tão cartunescos quanto os outros retratados em diversas animações. Eles são verossímeis, e mesmo sendo ratos com capas e espadas, chama a atenção pela semelhança com os ratos de verdade.
Na verdade, mesmo parecendo de início ser uma publicação voltada para um público infantil, Os Pequenos Guardiões revelam temas profundos que permeiam o comportamento humano e sentimentos nobres como a lealdade, coragem e honra.

A história gira em torno dos camundongos Saxon, Kenzie e Lieam, membros da guarda responsável pela segurança das cidades e das rotas comerciais.

A aventura tem início quando os ratinhos recebem a missão de procurar um mercador desaparecido e descobrem que ele carregava consigo mapas de Lockheaven, sede da guarda dos camundongos. Os mapas perdidos configuram-se como uma verdadeira ameaça a segurança das cidades dos ratos que, por estarem em uma das pontas da cadeia alimentar, são ameaçados por diversos outros animais. Os heróis descobrem aos poucos que desvendaram um grande esquema de conspiração com uma tentativa de traição em curso, cabendo-lhes o papel de impedi-la, salvando, por conseguinte toda a sociedade dos roedores.
A HQ tem dois arcos de história já completos (Outono 1152 e Inverno 1152) e lançamento do terceiro volume e quarto (O exército das sombras e O Fantasma das trevas) previstos para o final deste mês. Em julho a obra concorre ao prêmio Eisner, uma espécie de Oscar dos quadrinhos, em duas categorias, melhor reimpressão de álbum gráfico e melhor publicação para crianças.
Pode-se considerar que as edições de Os Pequenos Guardiões são uma verdadeira obra prima do mundo dos quadrinhos, não apenas pela história empolgante, pelos personagens carismáticos e pela ambientação envolvente. Mas também pela qualidade dos desenhos, em que casas e castelos realmente parecem ser habitados por ratos que por vezes duelam com espadas. Além dos desenhos tem-se o modo com o qual a temática é tratada, não sendo muito infantil a ponto de parecer doce e inocente e nem muito adulto a ponto de oferecer violência gratuita e de mau gosto. Enfim, as edições de Os Pequenos Guardiões são certamente mais que uma história em quadrinho, afinal conseguem algo que nem gigantes como a Marvel ou a DC Comics conseguiram criar: heróis frágeis, pequenos e vulneráveis, mas ainda sim heróis.